Secretaria da Agricultura distribui mudas de butiás no Pavilhão da Agricultura Familiar
Publicação:

Na manhã desta sexta-feira, um grupo de pesquisadores, técnicos e servidores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) fez doação de centenas de mudas de butiá para produtores rurais e indígenas no Pavilhão da Agricultura Familiar.
“Butiá sempre teve questão forte em relação à conservação. Aqui no Estado temos oito espécies diferentes, todas elas ameaçadas de extinção. Daí, fomos testar métodos para acelerar esta germinação”, explica o biológico Gilson Schlindwein.

As mudas entregues aos expositores são fruto de uma pesquisa inovadora de pesquisadores da Seapdr, que reduz o período da germinação dos butiás em laboratório, de mais de dois anos para cerca de um mês. O trabalho, conduzido por Schlindwein e pelo engenheiro agrônomo Adilson Tonietto, trata do potencial econômico e ambiental da planta e se preocupa com a preservação dos butiazais que são espécies nativas ameaçados de extinção no Rio Grande do Sul.
“A gente tem condições de avaliar plantas matrizes que tenham potencial melhor de produção e um fruto com qualidade, para distribuir a alguns produtores que têm interesse em cultivar as mudas”, afirma Tonietto.

Durante a ação, junto com as mudas, foram distribuídos folhetos explicativos sobre a pesquisa com germinação e insetos que relacionam aos butiazeiros.
“Faço um trabalho com insetos benéficos, especialmente, abelhas. O butiá é uma planta que tem separação da maturidade dos órgãos femininos e masculinos. Notamos o quanto é importante essa fertilização cruzada do butiá. E o inseto que poliniza as flores de butiá são abelhas – especialmente as nativas –, além de moscas, borboletas e vespas”, explica a bióloga Sídia Witter, pesquisadora da Seapdr.
Doação de mudas tem boa recepção
A primeira parada da distribuição foi no estande dos índios kaingang no pavilhão, onde os pesquisadores explicaram a proposta e entregaram as mudas.

“Quero plantar na reserva. Ficamos muito felizes. Nós usamos butiá para alimento e bebida, né? Bebida tradicional vai butiá, guabiroba, pitanga, jaboticaba”, conta a “cacica” Iracema Kantéy Nascimento, de 58 anos, da aldeia kaingang localizada no bairro Mario Quintana, periferia de Porto Alegre, onde vivem cerca de 30 pessoas.
Outra beneficiada com a doação foi Adenise Zanotto Pigatto, 45 anos, proprietária da agroindústria Zanotto e Pigatto, de Nova Roma do Sul.

“Bem interessante pra fazer um resgate porque a gente sabe que o butiá é uma planta que quase não tem mais. E o butiá pode ser até mais bem aproveitado. Agora, tivemos até algumas ideias pra cuca com butiá. Com o fruto virando geleia e colocando alguma coisa mais doce junto, como chocolate branco”, se entusiasma Adenise.

A agroindústria de produtos coloniais Sobucki, de Sete de Setembro, já comercializa em seu estande produtos derivados como suco, polpa e butiá em calda.
“Ação muito boa propiciar mudas para pessoal da agricultura. É um incentivo pra todo mundo plantar a muda e cultivar em sua propriedade”, apoia Jean Carlos Moreira, 22 anos, técnico em agronomia.
Mirian Costa, 58 anos, é proprietária Figueira do Prado, em São Lourenço do Sul. Trabalha com sucos baseados em frutas exóticas e é parceira dos pesquisadores da Seapdr, desde 2006.
“A minha prioridade sempre foi trabalhar com frutas nativas da região. Afora o butiá, usamos araçá, pitanga, ananás, melancia verde, amora rasteira”, explica Costa.

Além da conservação, a pesquisa da Seapdr inclui múltiplos usos dos butiazais como plantas ornamentais, no artesanato e também na gastronomia.
“Bolsas, chapéus, lustres... Sucos, sorvetes, mostardas, pratos quentes como arroz com butiá, molhos para carnes suínas... Várias possibilidades. E é um produto típico da nossa região. Então, é possível vincular a questão do turismo”, conclui Schlindwein.