Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Projetos de escolas estaduais incluem temas indígenas, preservação do meio ambiente e trabalhos com lã

Publicação:

Projeto Casa de Reza, da comunidade Guaviraty Porã – Mbya Guarani
Projeto Casa de Reza, da comunidade Guaviraty Porã – Mbya Guarani, de Santa Maria - Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi

Ter uma OPY, ou Casa de Reza, era uma luta antiga da comunidade Guaviraty Porã – Mbya Guarani, onde fica a Escola Estadual Indígena de Educação Básica Yvyra Ijá Tenondé Verá Miri, em Santa Maria. Por isso nasceu o projeto pedagógico “OPY” (Casa de Reza). Esse é um dos trabalhos que estão na mostra promovida pela Secretaria da Educação (Seduc), na Casa da Embrapa, durante a 47ª Expointer. O horário de visitação é das 9h às 18h30. No domingo (01/09), até o meio-dia.

A professora Sirlete Frigheto explicou que a OPY é um lugar sagrado para os indígenas. “É como se fosse o coração da comunidade, é uma casa espiritual, onde se aprende sobre a cultura. O ensinamento é feito pelo pajé, junto com os pais e os mais velhos. Os indígenas aprendem muito ouvindo e observando. E esse trabalho de ouvir e de observar, de trabalhar junto é o que faz com que a comunidade se fortaleça”, definiu.

Segundo Sirlete, a escola atende alunos da educação infantil, dos ensinos fundamental e médio, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Todos estão inseridos no projeto. E ele engloba a comunidade indígena e a escolar”, esclareceu. “Na comunidade existem 150 pessoas de 44 famílias”.

Casa de Reza, Santa Maria
Projeto "Casa de Reza", de escola de Santa Maria - Foto: Darlene Silveira/Ascom Seapi

Sirlete contou que a OPY foi construída graças a parcerias e ficou pronta em abril deste ano. “Foi uma conquista junto com nossos alunos e a comunidade como um todo. Ela é feita de barro por dentro e por fora, tramada com taquaras e coberta de capim de santa fé. Assim, fica uma casa térmica, nem fria no inverno, nem quente no verão”.

Conforme a professora, o objetivo do projeto foi concretizar a casa. “Trabalhamos a união, a parceria, o serviço comunitário, o papel de cada um dentro desse espaço. Agora, normalmente, eles se reúnem bem cedo da manhã, perto do meio-dia ou à noite”, pontuou Sirlete. “A Casa trouxe vida para a comunidade”.

A aluna Tassiana Pereira, de 16 anos, disse que gostou muito do projeto. “Porque é importante para a gente ter uma casa de reza para manter a nossa cultura”.

Tecendo histórias coloridas

Outro projeto apresentado na mostra é o “Tecendo histórias coloridas”, da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Gladi Machado Garcia, de Caçapava do Sul. A escola, que também atende alunos de ensino fundamental, fica na localidade de Minas do Camaquã, zona rural, a 70 quilômetros do centro do município. A maioria dos estudantes (90%) mora na zona rural e 10% moram na comunidade Minas do Camaquã.

“Tecendo histórias coloridas”, da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Gladi Machado Garcia, de Caçapava do Sul.
“Tecendo histórias coloridas”, da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Gladi Machado Garcia, de Caçapava do Sul. - Foto: Eduardo Patron/Seapi

A professora Marta Silveira contou que tudo começou com a dificuldade que os alunos tinham com as letras “LH” da palavra ovelha. “Aí começaram a falar sobre a lã, e que tinha um problema na comunidade. As pessoas carneavam as ovelhas e jogavam os pelegos fora, no campo, inclusive atrás da escola. Então veio a ideia de estudarmos sobre as utilidades e os benefícios da lã para que eles falassem em suas casas”.

De acordo com Marta, o projeto iniciou no ano passado, tem a duração de três anos e envolve 20 alunos, além da comunidade escolar. “Esse ano, trabalhamos sobre o processamento da lã, que é lavagem, cardagem e fiação. E no ano que vem vamos trabalhar o tingimento natural da lã. Já que estamos inseridos dentro de um geoparque (Caçapava), pensamos em trazer essa história, essa cultura, esse resgate de conhecimento”, esclareceu a professora. “Na parte do tingimento, existe o conhecimento das plantas do nosso bioma, o que a gente tem no entorno que pode servir para tingimento”, complementou.

Ela esclareceu que uma das características do geoparque é o desenvolvimento do território através da educação. “Então nada melhor do que divulgar esse saber que é tão antigo, que é a fiação, o processo da lã”, disse Marta.

A estudante Kendra Macioski , de 8 anos, acha o projeto legal. “Porque a gente aprendeu que tem vários benefícios com a lã. A gente bota a lã em volta das plantas para não vir bicho nelas, não vem formiga, nem lesma”.

Com o que concorda a aluna Erika Lopes, de 9 anos. “A gente aprende um monte de coisa que dá para fazer com a lã. Mas não temos ovelha em casa. A mãe não deixa nem eu ter cachorro, imagina ovelha. Só tem gato lá dentro de casa”, afirmou resignada.

Captura do Carbono

“Captura do Carbono” é o projeto da Escola Estadual de Ensino Fundamental Chico Mendes, de Hulha Negra. Segundo a professora Cenira Hahn, é uma continuidade de outros projetos ambientais que a escola vem desenvolvendo desde 2017. “O projeto engloba todas as turmas, desde o primeiro até o sétimo ano, além da comunidade escolar. São alunos de 6 a 13 anos”, detalhou.

O projeto "Captura de Carbono" está centralizado, principalmente, na atividade de plantios de árvores nativas na escola e na comunidade
O projeto "Captura de Carbono" está centralizado, principalmente, na atividade de plantios de árvores nativas na escola e na com - Foto: Eduardo Patron/Seapi

Segundo Cenira, a finalidade é capturar o carbono da atmosfera, para minimizar o problema do aquecimento global e do efeito estufa. “O projeto está centralizado principalmente na atividade de plantios de árvores nativas, tanto na escola, quanto na comunidade. A ideia é diminuir a emissão do gás carbônico que é emitido através das usinas, da criação de gado, das ações humanas. É uma forma de a gente recompensar a agressividade que os seres humanos têm em relação ao meio ambiente”, esclareceu.

A professora afirma que a escola fica na zona rural, no assentamento Santa Elmira, mas atende também alunos de 15 assentamentos. “Quisemos mostrar para nossas crianças que é possível, com pequenas ações, como o plantio de algumas árvores, diminuir a emissão de gases de efeito estufa. E capturar esse gás carbônico que fica na atmosfera, melhorando assim a qualidade do ar e do solo, logo, do meio ambiente em que a gente vive”.

“Captura do Carbono”, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Chico Mendes, de Hulha Negra.
“Captura do Carbono”, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Chico Mendes, de Hulha Negra. - Foto: Darlene Silveira/Ascom Seapi

Conforme Cenira, além das atividades práticas, como o plantio das árvores e distribuição de mais de 20 tipos de mudas de árvores, há palestras e formação. “É um projeto contínuo”, definiu.

“Este ano já distribuímos mais de mil mudas de árvores para a comunidade. E na escola a gente tem uma área experimental, que é uma agrofloresta, onde tem o pomar e a nascente. Tudo com plantio de árvores. No entorno da escola existem mais de mil árvores plantadas”, comemorou. “No assentamento são 53 famílias, mas estão envolvidas no projeto mais de 100 famílias. A parceria que a gente tem com a comunidade, com os demais professores e a disponibilidade dos alunos é que faz a diferença do nosso projeto”, concluiu Cenira.

A aluna Dhyenifer Lima, de 12 anos, acha muito importante o projeto. “Porque a gente vai capturar o gás carbônico que tem em muito excesso hoje na atmosfera. É importante também para ajudar as pessoas a entender a importância disso”, diz com alegria.

“Às vezes brinco com meus pais que eles estão emitindo gás carbônico. Mas eu sinto que eles levam a sério e até dão uma mudada”, comentou Dhyenifer. “Os pais dela são parceiros no plantio das árvores, então eles levam a sério sim”, complementou a professora.

Mais notícias

Expointer