Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Cultura e artesanato indígena têm mais espaço com duplicação de pavilhão

Publicação:

Índios caiguangues e mbya guarani comercializam produtos em pavilhão ampliado
Índios caiguangues e mbya guarani comercializam produtos em pavilhão ampliado - Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

"Agradeço a Deus pela saúde, saudando o pessoal que proporcionou este espaço, os organizadores, e que continue protegendo todos eles. Nós estamos felizes de estar juntos", (ouça) cantou Iracema Kamté, 55 anos, acompanhada do chocalho durante a entrevista. Ela é da aldeia caingangue, de Porto Alegre, e participa do Pavilhão da Agricultura Familiar há 15 anos.

Perto da área central do pavilhão, as bancas 135, 136 e 137 acolhem 10 pessoas de três etnias - charruas, caingangues e guaranis - espaço organizado pela Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). Com a duplicação do pavilhão, o local destinado à cultura e o artesanato indígena também aumentou. "Agradeço e dou nota 10 para o espaço do estande, que ficou grande e confortável, além dos banheiros", celebra Iracema.

Caigangue Iracema Kamté, 55 anos, é uma das beneficiadas com o espaço
Caigangue Iracema Kamté, 55 anos, é uma das beneficiadas com o espaço - Foto: Nilton Flores/Divulgação

Ela divide uma das bancas com a sobrinha - Fátima Sales, 48 - e a sobrinha-neta - Pamela Indianara Salvador, 11 -, vindas da aldeia caingangue de Iraí. Os produtos artesanais que estão à venda: filtros de sonhos, zarabatanas, chocalhos, cestos e colares, com valores entre R$ 5 e R$ 50.

Iracema sonha que, um dia, o pavilhão também acolha a culinária indígena na praça de alimentação e que se abra um espaço para que os índios falem sobre os remédios naturais, como os extraídos da guabiroba.

Ouça o canto da caingangue Iracema Kamté:

00:00:00/00:00:00

Canto_Iracema_Kamte_caingangue_Expointer.mp3

Reza da caingangue Iracema Kante que expõe no estande indígena da 41ª Expointer

Download

Na banca ao lado, Leandro Garai, 23, vem da aldeia mbya guarani, de Charqueadas. O carro-chefe da banca é a venda de artesanato de animais feitos de cortiça - corujas, onças, águias e tucanos - que variam entre R$ 10 a R$ 200. "O pessoal procura mais é a corujinha e a onça", conta Leandro.

Além de cestos de taquara e chocalhos, outro destaque da banca é o arco e flecha, vendido a R$ 30. Na banca, trabalham cerca de 10 pessoas da etnia guarani, alguns oriundos da aldeia de Osório.

Rodízio para vendas

Próximo do estande da Ceasa, nas bancas 272 e 273, há outro espaço para a etnia caingangue, ocupado em sistema de rodízio anual pelos índios de Santa Maria. Este ano, quem coordena a banca é Pedro Leopoldino Pinto, 38, junto com o sobrinho, que participa pela primeira vez do pavilhão da Agricultura Familiar. O valor do artesanato, com filtros de sonho, colares, pulseiras e anéis - varia entre R$ 10 e R$ 15.

Tanto Pedro como Iracema reclamam da carência de matéria-prima para o artesanato, principalmente, casca de cipó. Por conta disso, os índios acabam utilizando outros materiais - como o couro e lã - para montar os produtos. Pedro complementa: "o artesanato acabou se tornando um dos principais sustentos das aldeias, uma vez que a caça e a pesca estão em decadência".

No artesanato indígena, corujas, onças, águias e tucanos são mais procurados
No artesanato indígena, corujas, onças, águias e tucanos são mais procurados - Foto: Karine Viana/Palácio Piratini


O Pavilhão da Agricultura Familiar funciona todos os dias, das 8h às 20h, até 2 de setembro na Expointer.

Texto: Rodrigo Martins
Edição: Gonçalo Valduga

Mais notícias

Expointer